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se você não passasse tantas horas no transporte público,
o que faria ?

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             ocê já imaginou gastar 2h25 no deslocamento na cidade? É               possível que essa seja a sua realidade, assim como a de                     grande parte da população paulistana.  Segundo a pesquisa "Viver em São Paulo: 2024", da Rede Nossa São Paulo, esse é o tempo médio em qualquer meio de transporte para atividades diárias, como trabalho, educação e lazer. Para quem usa transporte público, o tempo pode chegar a 2h47.

V

  Bairros afastados - como Grajaú, Jaraguá e Guaianases - estão se tornando cada vez mais bairros dormitórios, já que grande parte dos habitantes dessas regiões trabalham em outros lugares da cidade. É por isso que o tempo gasto no transporte frequentemente se torna um fator de estresse para a população, impactando diretamente na qualidade de vida e na saúde mental. Você sabe quais são e como são elaboradas as políticas públicas que impactam na mobilidade urbana? E o que você faria se não precisasse gastar tantas horas para ir e voltar do trabalho?

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epopeias urbanas

A epopeia é um gênero literário típico da Grécia Antiga. Geralmente em formato de poema ou prosa, os textos narram feitos fantásticos e atitudes heroicas. Um dos exemplos mais famosos desse tipo de história é Odisséia, escrita por Homero. Na saga, o herói Odisseu luta na guerra em Tróia e enfrenta mares e monstros para voltar para casa. São quase dez anos de desafios até que ele possa retornar para os braços de sua família.
 

Assim como os gregos atravessaram mares revoltos e enfrentaram terríveis batalhas, diariamente os paulistanos saem de casa para atravessar a cidade, travando uma cruzada contra as dores de cabeça do deslocamento cotidiano. Tal é o nível do desafio para cumprir todas as tarefas cotidianas em uma grande metrópole, que a frase “matar um leão por dia”, já faz parte do repertório.

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Essa é a percepção de Nayane Cristina, paulistana de 26 anos e moradora do Parque Boa Esperança, na zona leste da capital.  A estudante e analista de garantia de qualidade até que trabalha perto de casa, pega um ônibus, e em 15 minutos já está no trabalho, em Itaquera. Entretanto, a jornada até a faculdade é completamente desgastante.
 

“NESTE DESLOCAMENTO, SE EU CONTAR AO TODO, GASTO MAIS OU MENOS 4 HORAS E MEIA, POR AÍ, POR DIA”

 

“Acaba que a gente perde uma parte da vida dentro do metrô, do ônibus”

Nayane Cristina, 
da zona leste

O trajeto após o trabalho se estende para a faculdade, localizada na Praça da Arvore, zona sul da capital, onde ela faz estágio em biomedicina. Após o expediente, a jornada urbana começa. Primeiro, um ônibus até Itaquera, para só então pegar a linha vermelha do metrô, atravessando a zona leste até um dos maiores desafios do trabalhador paulistano: a estação Sé.

Logo após, Nayane pega a linha azul, em sentido a maior zona da capital paulista, a zona sul, até chegar a estação Praça da Árvore. Depois de um ônibus, e duas linhas de metrô, ainda resta pegar outro ônibus, para enfim chegar ao estágio. Para completar a jornada, na volta pra casa, Nayane utiliza um ônibus para retornar à linha azul. Mas, na tentativa de encontrar um caminho mais rápido, volta pela linha verde, até a Vila Prudente. Em seguida, ela faz uso do monotrilho e de mais um ônibus.


“SE EU NÃO PERDESSE ESSA QUANTIDADE DE HORAS, PROVAVELMENTE EU IRIA USAR PARA DORMIR”

 

''São quase 5h perdidas por dia''

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Yuri Silva,
da zona norte


Morador da comunidade Arábia, localizada no Jaraguá, região noroeste da capital paulista, Yuri Silva é um dos heróis do cotidiano, que atravessam estações lotadas, ônibus demorados e longas filas para cumprir com suas atividades diárias. Se tomarmos como referência os dias úteis, o jovem, de 22 anos, passa 12h30 por semana em deslocamento. O tempo gasto em trânsito, poderia ser dedicado a outras atividades.

“EU PRATICO CAPOEIRA E AINDA ESTUDO DE NOITE. SE EU NÃO GASTASSE TODO ESSE TEMPO, PODERIA ESTAR INVESTINDO MELHOR NO MEU FUTURO”


"Eu uso trem, metrô e ônibus. Saio do Jaraguá até o Belenzinho, depois vou para a Clínicas e volto para o Jaraguá de noite". O primeiro trajeto, tem cerca de 34 km, o segundo, 9 km. Por fim, a volta para casa percorre em média 28 km, somando mais de 70 km percorridos diariamente. Yuri é mais um entre os milhões de jovens  que gastam dois dias por mês no transporte público, apenas para realizar atividades básicas.

​As principais dificuldades relatadas são: transporte lotado, ficar muito tempo sem comer e o estresse. "Tenho sempre de levar a comida na mochila, porque não tenho tempo nem dinheiro para me alimentar fora de casa". Ele relatou ter desmaiado uma vez no Metrô de São Paulo.


 

"COM O TRANSPORTE PÚBLICO LOTADO, FICA DIFÍCIL DE RESPIRAR, AINDA MAIS COM FOME, MAS EU ME ACOSTUMEI".
 

"Às vezes, fico imaginando estar na capoeira, ou em casa estudando, descansando, vendo um filme, lendo um livro, mas não posso porque estou preso no trânsito da maior metrópole da América Latina", finaliza.

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"EU QUERIA PODER TER UM TEMPO LIVRE PARA FAZER UMA CAMINHADA"

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Maria Telma,
da zona sul

Servidora pública municipal de carreira, Maria Telma Barbosa usa um ônibus para ir e outro para voltar do trabalho, mas avalia que a volta é sempre pior. "Eu gasto de 30 a 40 minutos para ir, mas para voltar sempre leva no mínimo uma hora. Já teve dias que levei 1h30". Essa é a realidade de uma mãe, esposa e avó, moradora do Jardim Apurá, zona sul da capital paulista.

​As principais dificuldades para ela são as obras realizadas pela Prefeitura Municipal. Na visão de Telma, as ações, que se intensificaram durante 2024, têm um propósito eleitoreiro. “Para tentar a reeleição, o prefeito fez diversas obras no percurso que eu faço todo dia, como na Estrada do Alvarenga, e isso gerou um trânsito absurdo", avalia.

"SE EU NÃO GASTASSE TODO ESSE TEMPO DE TRANSPORTE, EU ME DEDICARIA A ALGUM ESPORTE"

O médico de Telma recomendou uma "caminhadinha" para manter a forma física, mas devido ao tempo gasto com transporte público e a rotina puxada, ela não consegue encontrar uma brecha no dia a dia para se dedicar na melhora da sua saúde.

Segundo a servidora, a falta de fiscalização e a superlotação dos ônibus na zona sul deixam o vai e vem diário mais complicado. Telma conta que sofreu um acidente leve depois que o motorista ultrapassou a velocidade permitida na via.
 

 

"UMA VEZ, O ÔNIBUS ESTAVA MUITO RÁPIDO E FREOU DE FORMA BRUSCA. EU BATI MEU BRAÇO COM TUDO NO BANCO."

como chegamos até aqui?

Com cerca de 11,4 milhões de habitantes, segundo o último censo do IBGE, em 2022, São Paulo é a maior cidade do hemisfério sul. No entanto, em uma metrópole tão complexa e populosa, a mobilidade urbana ainda é um dos maiores desafios para os paulistanos.

 

O Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) afirma que o Brasil possui uma frota de 58 milhões de carros, desse contingente, 6,2 milhões estão registrados na capital paulista. Ou seja, a cidade concentra 11% de toda a frota nacional. Do outro lado, mais de 4 milhões de pessoas são transportadas diariamente pelos 12.000 ônibus que compõem o sistema de transporte público municipal. Já no transporte sobre trilhos, a infraestrutura na cidade conta com pouco menos de 200 km de extensão, sendo 104,4 no Metrô, e 95km na CPTM, de um total de 196km em toda a Grande São Paulo.

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Segundo dados da prefeitura, a cidade conta com 64.725 ruas, que totalizam 19.475 km. Ao nível de comparação, com essa quilometragem, daria para percorrer duas vezes toda a costa brasileira, do Oiapoque, no Amapá, ao Chuí, no Rio Grande do Sul. Porém, em toda a cidade, são apenas 590,4 km de faixas exclusivas e 135,3 km de corredores para ônibus. Em outubro de 2024, segundo dados disponibilizados pela Secretaria Municipal de Mobilidade e Trânsito, foram mais de 194 milhões de passageiros, o que dá uma média de aproximadamente 6 milhões de passageiros por dia.

Porque os ônibus só tem direito exclusivo a menos de 4% das vias?

A crise na mobilidade em São Paulo pode ser entendida como um processo impulsionado ainda na década de 1930. Encabeçado por Francisco Prestes Maia, que em 1938 viria a se tornar prefeito da cidade, o Plano de Avenidas de São Paulo desempenha um papel essencial na expansão urbana do município, por meio da construção e modificação de vias expressas, do centro para a periferia. A ideia induziu a substituição do transporte sobre trilhos, em benefício da expansão do sistema de ônibus. 

 

O plano, que pretendia amenizar o tráfego na região central e intensificar a ocupação das áreas periféricas, acabou por sujeitar cada vez mais a classe trabalhadora às péssimas condições de transporte, é o que diz o geógrafo, pesquisador e professor do curso de geografia na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo, Ricardo da Silva Barbosa, no artigo “Mobilidade Precária na Metrópole de São Paulo.

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O modelo urbano com foco em uma política rodoviária se consolidou de fato, a partir da década de 1960, quando a chegada das multinacionais do ramo automobilístico ao país, impactou diretamente na dinâmica espacial da cidade, resultando na alteração de comportamentos e hábitos, em benefício ao uso de transportes individuais.

 

Ainda de acordo com o artigo, a dinâmica de urbanização na cidade foi marcada por uma profunda desigualdade socioespacial, resultando em uma segregação entre classes. A região central, com amplo acesso à infraestrutura e mobilidade, acabou concentrando a classe alta, já a periferia, acabou sendo ocupada pelas classes mais baixas, que passaram a ser sujeitas a um sistema de transporte coletivo precário, resultando em um grande custo de tempo e dinheiro e até mesmo isolamento social.

 

A ideia de mobilidade é entendida como uma relação que envolve a sociedade, a partir dos indivíduos que irão se deslocar e são marcados por questões de raça, classe e renda, por exemplo. Além disso, o transporte em si também entra na conta, pois é preciso entender que ele pode ser realizado a partir de diversos meios diferentes. Já o território, desenvolve um papel fundamental, pois pode facilitar ou não a acessibilidade nos deslocamentos.

 

A acessibilidade, se relaciona com a disponibilidade de meios de transporte, mas também com a forma como as pessoas e as atividades estão posicionadas no espaço. Ou seja, as pessoas que irão realizar os deslocamentos são marcadas por diversos aspectos (gênero, raça, renda). 

AS PESSOAS NO ESPAÇO

O Mapa da Desigualdade 2023, elaborado pela Rede Nossa São Paulo, apontou uma disparidade significativa na oferta de emprego formal, com base no distrito da cidade. A pesquisa leva em consideração a quantidade de postos oferecidos para cada dez habitantes em idade ativa. O distrito de Cidade Tiradentes, no extremo leste da capital paulistana, por exemplo, tem uma taxa de 0,3 postos de trabalho. Já na Barra Funda, na região oeste, são 70 postos de trabalho para cada 10 pessoas.

MAPA DA DESIGUALDADE 2023

Oferta de emprego formal para cada 10 pessoas em idade ativa

Distritos
População total
Oferta de emprego formal
Alto de Pinheiros
40.453,00
4,18
Anhanguera
87.339,00
0,37
Aricanduva
85.627,00
3,09
Artur Alvim
99.616,00
0,80
Barra Funda
16.574,00
70,06
Bela Vista
73.418,00
20,30
Belém
49.655,00
12,98
Bom Retiro
39.528,00
18,28
Brasilândia
285.343,00
0,48
Brás
33.527,00
19,05
Butantã
53.562,00
12,64
Cachoeirinha
147.344,00
1,07
Cambuci
41.016,00
12,24
Campo Belo
63.177,00
9,09
Campo Grande
107.349,00
4,11
Campo Limpo
231.665,00
1,00
Cangaíba
138.472,00
1,35
Capão Redondo
300.857,00
0,59
Carrão
84.879,00
4,27
Casa Verde
85.918,00
4,80
Cidade Ademar
288.653,00
1,17
Cidade Dutra
204.452,00
2,00
Cidade Líder
136.600,00
1,08
Cidade Tiradentes
240.131,00
0,30
Consolação
57.186,00
10,82
Cursino
114.135,00
3,71
Ermelino Matarazzo
119.487,00
3,33
Freguesia do Ó
139.854,00
1,79
Grajaú
395.381,00
0,54
Guaianases
110.994,00
0,85
Iguatemi
153.463,00
0,43
Ipiranga
112.847,00
7,92
Itaim Bibi
97.259,00
39,69
Itaim Paulista
237.288,00
1,06
Itaquera
212.875,00
1,86
Jabaquara
230.019,00
3,94
Jaguara
23.823,00
12,91
Jaguaré
55.924,00
19,47
Jaraguá
216.788,00
0,76
Jardim Helena
136.488,00
0,86
Jardim Paulista
90.427,00
12,30
Jardim São Luís
297.794,00
1,67
Jardim Ângela
345.530,00
0,51
Jaçanã
96.294,00
2,58
José Bonifácio
138.247,00
1,92
Lajeado
176.729,00
2,06
Lapa
66.997,00
19,85
Liberdade
73.046,00
5,37
Limão
79.678,00
3,96
Mandaqui
109.334,00
2,49
Marsilac
8.499,00
6,36
Moema
89.652,00
9,08
Morumbi
53.644,00
12,91
Moóca
80.622,00
7,85
Parelheiros
157.357,00
0,64
Pari
19.324,00
10,59
Parque do Carmo
72.333,00
4,67
Pedreira
163.918,00
1,02
Penha
129.027,00
2,54
Perdizes
114.710,00
4,23
Perus
90.914,00
0,84
Pinheiros
65.643,00
22,43
Pirituba
171.470,00
3,93
Ponte Rasa
89.372,00
2,43
Raposo Tavares
108.509,00
1,80
República
62.080,00
14,87
Rio Pequeno
124.353,00
3,70
Sacomã
265.750,00
1,59
Santa Cecília
88.704,00
8,05
Santana
112.078,00
6,86
Santo Amaro
74.360,00
21,41
Sapopemba
291.046,00
1,02
Saúde
133.915,00
4,84
Socorro
35.709,00
12,87
São Domingos
86.605,00
13,29
São Lucas
142.814,00
1,40
São Mateus
156.064,00
2,07
São Miguel
88.871,00
1,62
São Rafael
162.394,00
1,05
27.058,00
42,90
Tatuapé
96.247,00
10,31
Tremembé
227.483,00
0,84
Tucuruvi
95.770,00
2,09
Vila Andrade
168.533,00
2,06
Vila Curuçá
154.809,00
0,62
Vila Formosa
93.804,00
4,01
Vila Guilherme
57.347,00
10,58
Vila Jacuí
146.725,00
0,91
Vila Leopoldina
45.664,00
16,35
Vila Maria
114.134,00
7,59
Vila Mariana
131.827,00
8,03
Vila Matilde
105.454,00
5,29
Vila Medeiros
122.809,00
1,53
Vila Prudente
104.542,00
3,19
Vila Sônia
123.267,00
3,20
Água Rasa
81.964,00
4,96

A enorme discrepância entre as regiões da cidade, obriga moradores de diversos bairros a se deslocarem pela cidade em busca de oportunidades de trabalho. Os personagens que conduzem esta reportagem, estão diretamente inseridos nesta dinâmica. A jovem Nayane Cristina, mora em um bairro do distrito de São Mateus, uma região onde existem dois postos de trabalho para cada dez pessoas. Já Yuri Silva, morador do Jaraguá, precisa lidar com a realidade de um distrito que dispõe de menos de uma vaga de emprego formal a cada dez pessoas em idade ativa. Já Telma, se insere no distrito de Cidade Ademar, região que, conforme o Mapa da Desigualdade 2023, tem menos de dois postos para cada dez pessoas.

 

A desigualdade de acesso a emprego, se alia diretamente com a desigualdade de acesso a serviços e mobilidade. Segundo uma nota técnica do Centro de Estudos da Metrópole, da Universidade de São Paulo (USP), divulgada em 2021, famílias de baixa renda, residem em lugares com um nível muito menor de acessibilidade aos empregos, em comparação as famílias de renda mais elevada.

Predominância de classes
e acessibilidade em São Paulo

Fonte: Nota técnica do Centro de Estudos da Metrópole - USP

FAMÍLIAS

ACESSIBILIDADE

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média
renda

Predominante

baixa
renda

alta
renda

% de postos de trabalho

0        2        6       18       40      80

Com isso, os moradores desses bairros são dependentes de um sistema de mobilidade urbana baseado em um modelo de cidade que se construiu a partir da segregação espacial e dificuldade de acesso. Para o arquiteto e urbanista e mestre em planejamento urbano pela Universidade de São Paulo, Marcos Kiyoto, a solução desse problema deve levar em consideração um maior investimento no transporte público, mas também é preciso que haja uma mudança cultural.

 

"A GENTE PRECISA DESCONSTRUIR ESSA IDEIA DE QUE O AUTOMÓVEL DEVE SER O PRIMEIRO A SER ESCOLHIDO"

Em entrevista à nossa equipe, Marcos afirmou o que parece ser um grande dilema da mobilidade urbana pautada pelo uso do transporte individual motorizado. “Todo mundo tem um automóvel, mas ninguém anda”, relatou. Para o arquiteto e urbanista, o investimento em mobilidade também deve contemplar os pedestres e ciclistas, “algo que é muito negligenciado”, afirma.

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